• Cringe: A nova “modinha” da Internet

    Essa semana fiquei sabendo da nova gíria entre os “xóvens” (a chamada Geração Z), para definir pessoas da minha faixa etária: Cringe.

    Eu, como boa Millenial, já comecei a tirar sarro imediatamente. Desculpa, sociedade. Mas quem viveu a época sabe como era nosso senso de humor. Não  tinha essa de ficar “cancelando” as pessoas. E olha que Bullying existia sim. Sei bem o que é ser uma adolescente nordestina recém-chegada em São Paulo nos anos 90 (até hoje escuto algumas coisas sobre meu sotaque). Mas, mesmo assim, considero que as coisas se resolviam de uma forma mais leve, se compararmos com hoje.

    Como uma pessoa semi-idosa, rumo à terceira idade, como os meninos de hoje pensam (risos), fui educada para respeitar os mais velhos. Não é sermão, gente. Apenas existem coisas que considero desnecessárias. E ficar criando apelidos em inglês, como se não fôssemos descobrir, é risível (mais uma vez, desculpa a sinceridade). Foi a minha geração que inventou a Internet, onde vocês fazem suas dancinhas de Tik Tok, realmente não nascemos ontem.

    As coisas que vocês consideram cringe,  ou brega, ou mico, fizeram a felicidade de muitas pessoas na minha adolescência. E ainda fazem, pois é natural do ser humano ser saudosista. “Friends” e “Seinfeld” foram meus seriados favoritos. Como eu não podia pagar TV à Cabo, sempre que ia para casa (faculdade). gravava uma fita cassete para assistir nas semanas em que não ia visitar meus pais (tempo + grana curta). O que mudou é que hoje o acesso à internet é facilitado, financeiramente falando.

    “Friends” ainda é legal. Basta assistir lembrando que foi algo de outra época, nós (sem exceção) estamos evoluindo. Vi alguns questionamentos raivosos de jovens na faixa dos 20 anos a respeito dos personagens, mas não vou entrar nesse mérito aqui. Já sentei com meus pais e assisti vídeos da década de 70 e achei muito bons (apesar da diferença gritante na tecnologia, obviamente). Um dos meus interesses de estudo é a História, acabo vendo esses seriados e filmes como uma espécie de documentário, pois nos dão uma ideia de como as pessoas viviam no passado, quais eram as crenças da época. E, com isso, ter a oportunidade de ver que muita coisa mudou, não necessariamente para melhor ou para pior (depende do contexto).

    Há uma frase antiga que fala que o estudo da História (de diversas fontes) pode nos ajudar a não repetir os erros do passado. Outro dia eu vi um documentário sobre a Gripe Espanhola, a pandemia que assolou o mundo há um século atrás. Com exceção do nosso acesso à internet e a possibilidade de desenvolver uma vacina em um prazo relativamente curto, estamos lidando com o vírus da mesma forma que as pessoas daquela época lidaram. E isso, ao meu ver, é um grande problema.

    Então, antes de apelidar algo de cringe, ou outro nome em inglês que queira inventar, reflita sobre a importância que algo possa ter, embora seja algo aparentemente banal, feito a princípio para entretenimento. Quando vejo as pessoas querendo cancelar Monteiro Lobato ou implicando com programas de TV de 20 anos atrás, fico preocupada. Quem dera se pudéssemos apagar o racismo, o machismo, o Holocausto, entre outras situações horríveis, simplesmente declarando que são cringe. Mas, infelizmente, não é assim que a vida real funciona.

    Penso que ficar buscando conflitos de gerações é um grande desperdício de energia. Os jovens são o futuro do país. Porém os mais velhos é que estruturam as bases para que eles realizem seus planos e desejos. É uma relação de duas vias, e por essa razão faz-se necessário o respeito mútuo. Além disso, o que é considerado “legal” hoje (qual é o termo da geração Z para isso?), será considerado cringe amanhã. Ninguém escapa da mão do tempo. E, como diz minha mãe, a outra alternativa (não ter a possibilidade de envelhecer), essa ninguém quer.

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