• O que a Simplicidade Voluntária pode fazer pela sua vida?

    Há alguns anos, vi um documentário que estava na moda e me chamou atenção: Minimalism: A Documentary About the Important Things (Minimalismo: Um Documentário Sobre as Coisas Importantes), que está disponível na Netflix, caso tenham interesse. Apesar de, hoje em dia, o Minimalismo ser considerado uma “modinha”, o termo fez eco com alguns questionamentos que eu já vinha tendo, mesmo sem saber. Muito antes da pandemia, as pessoas já estavam dando nome ao desejo por uma vida mais equilibrada e saudável. Isso faz tanto sentido para mim que este mês assisti novamente.

    Joshua Fields e Ryan Nicodemus são as mentes por trás desse filme e se denominam hoje como Os Minimalistas. Gosto muito do trabalho deles e os acompanho através de seu site, podcast e redes sociais. Os dois passaram por dificuldades em suas famílias (abuso de substâncias por parte de seus genitores, bem como pobreza), o que os levou a uma vida bastante materialista. Já adultos, isso trouxe uma série de questionamentos, oriundos da depressão que sentiam.

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    Materialismo é normalmente associado a uma vida solitária. Será mesmo? Há alguma alternativa? Mas eu particularmente não gosto de rótulos. Prefiro falar de Vida Simples, ou de Simplicidade Voluntária (daí veio o nome do meu projeto, o Simplifique-Ser). É sobre isso que eu quero tratar neste texto, de algo muito mais amplo do que o descarte de objetos ou contar as coisas que temos em casa.

    Não, não sei quantas meias eu tenho (e, honestamente, não tenho interesse em saber.). Também não pretendo doar a minha maquiagem ou vender meus eletrodomésticos. Eu gosto deles (Olá, Marie Kondo. Uso o que me faz feliz, risos.). Entretanto, isso não quer dizer que seja a favor do desperdício. O que eu aprendi, depois de alguma reflexão, é que quando você compra algo desnecessário, paga com algo muito mais valioso que dinheiro.

    Sabemos que é importante ter como pagar os boletos, mas a questão é muito mais profunda. Quando você desperdiça dinheiro, joga fora seu tempo de vida. E porque tempo é mais importante que dinheiro? Porque tempo não volta! Você pode trabalhar para ter mais dinheiro para comprar coisas e pagar suas contas. Tempo, não. Tempo não se compra, nem se fabrica, não é possível trabalhar mais em troca de mais tempo. Tempo passa, tempo é gasto. Entendeu a diferença?

    Se você faz muitas dívidas, precisa trabalhar mais para quitá-las. Você já pensou que, em muitos lares, marido e mulher trabalham e, mesmo assim, o salário de ambos combinados não é suficiente para as despesas? Será que eles necessariamente ganham pouco? Já vi pessoas com salário acima de R$ 10.000,00 (muito superior à média da população brasileira), desesperadas por ter dívidas 5 a 6 vezes maiores que seus ganhos, ou até mais.

    Voltando ao documentário que citei, tanto Fields como Nicodemus eram dois empresários de sucesso, com salários altíssimos. Porém, estavam bem infelizes e deprimidos. Dinheiro não é tudo na vida, embora seja muito necessário. O ideal é encontrar um meio termo, e essa medida é particular para cada um. E o modo de encontrá-la, também. O neurocientista Sam Harris, um dos entrevistados pela dupla, argumenta que é comum comparar-se a outras pessoas para definir a noção de sucesso (estabelecida pela sociedade). E isso pode levar a uma insatisfação extrema, que pode causar sérios prejuízos à sua Saúde Mental.

    Muitos, porém, são resistentes à ideia de diminuir o ritmo de vida e o padrão, ambos vinculados a um status de vida considerado como o ideal. Há pessoas que também acreditam que simplificar é uma “modinha” para pessoas no padrão (muitas vezes brancas e ricas), e que não podem mudar seu estilo de vida para de adequar a uma rotina mais significativa. O que se propõe, na verdade, é que cada pessoa reflita o que é importante para si mesma, não para seu relacionamento ou para a sociedade.

    Um exemplo para ilustrar é Nathaly Dias, a Blogueira de Baixa Renda. Passei a acompanhá-la quando ainda estava começando no YouTube e no Instagram (Como fui parar lá, eu não sei, mas é uma pessoa bem divertida, devo dizer). É uma moça nascida e criada em comunidades do Rio de Janeiro. Havia dias em que sequer tinha o que comer, dependendo muitas vezes de sua mãe para ter uma refeição no dia.

    Hoje Nathaly está em uma situação melhor, mas mesmo naquela época ela ensinava o valor de aprender a simplificar o que já era pouco na vida dela e a não desperdiçar o que tinha. Também não quis mais suportar a situação abusiva que passava no estágio da faculdade de Administração. E, mesmo aquela sendo na época sua única fonte de renda, tomou coragem para jogar tudo para o alto. Fez sucesso, mas não esquece de onde veio, procurando sempre que pode ajudar as pessoas no local em que mora.

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    Então, simplificar não tem a ver somente com doar ou jogar ashila, com coisas no lixo. Proponho a você uma simplificação em um nível emocional, mental. Repito mais uma vez, se você gosta das suas coisas, está satisfeito com seu emprego, fique com eles. Não precisa colocar o pé na estrada como muitos pregam. Se gosta de estabilidade e segurança, tudo bem.

    Então, você pode questionar: Você tem tempo para usufruir sua família e amigos? Aproveita tudo aquilo que compra? Há pessoas que pagam caríssimo para fazer parte de um clube VIP, e muitas vezes não podem frequentar por excesso de compromissos de trabalho, não têm condições de sequer tomar um café com um parente. Ou, uma realidade mais comum: Você consegue assistir os canais daquele pacote caríssimo de TV a Cabo? Mesmo que seja um serviço de streaming, caro é todo dinheiro desperdiçado, mesmo que custe R$ 1,99 (Lembra dessa época? Eu amava! Risos.). Isso vale para qualquer coisa: Panelas, ferramentas, roupas, cursos, livros, etc.

    Sugiro que aprenda a ter prioridades. Isso não fará bem apenas para o seu bolso. Será benéfico para sua cabeça, acredite. Na medida em que você adere a uma vida mais simplificada, pode focar no que é importante. Isso ajuda, entre outros ganhos, a diminuir seus níveis de Ansiedade. Experimenta e me conta!

     

    Simplifique-Ser!

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